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O Pal�cio de San Fernando de �vila ou Pal�cio de S�o Fernando de �vila foi um pal�cio de Espanha, erguido?? a partir de 1196, e uma das suas principais obras est� no centro da cidade de Madrid, segundo uma lenda?? que conta que aparece em 12 de junho de 1500 d.C.
por uma das irm�s de D.Manuel, D.Francisca.
No final do s�culo?? XI, o pr�ncipe espanhol
foi para a Europa (juntamente com os v�rios filhos do rei) fazer parte da expedi��o dos genoveses?? contra os genoveses.
O edif�cio original foi classificado como Monumento Nacional e pertenceu � vila de San Fernando de �vila.
Por Juliette Hochberg, de Marie Claire Fran�a, com tradu��o de Camila Cetrone, de Marie Claire Brasil
06/12/2023 06h01 ?? Atualizado 06/12/2023
"Tive sorte. Fui v�tima do estupro certo." A francesa Giulia Fo�s diz essas palavras chocantes em seu ensaio-testemunho?? Je suis une sur deux (Eu sou um dos dois, em portugu�s). H� 20 anos, um estranho "sequestrou" a jornalista?? e produtora da r�dio France Inter em um estacionamento. Ela escreve que o homem a levou para um campo ermo,?? onde a estuprou.
Giulia Fo�s diz ter sido v�tima do "estupro certo", ou seja, aquele do qual se pode, de certa?? forma, falar mais facilmente, pois est� de acordo com a imagem que temos desse crime. Ou seja, quando a viol�ncia?? sexual � de autoria de um desconhecido. No entanto, o estupro conforme o imaginamos � em um local isolado, escuro?? (uma rua, um estacionamento, um por�o) por um estranho violento e armado � � muito minorit�rio.
Como destaca a pesquisa da?? associa��o francesa M�moire Traumatique et Victimologie conduzida pelo Instituto Ipsos, publicada em 1� de fevereiro de 2023, "idealiza��es falsas sobre?? estupros, estere�tipos sexistas e a cultura do estupro s�o persistentes e difundidos".
Segundo esse estudo encomendado pela m�dica psiquiatra Muriel Salmona,?? presidente da Associa��o M�moire Traumatique et Victimologie, "1 em cada 5 franceses ainda considera que for�ar o c�njuge a ter?? rela��es sexuais n�o � estupro".
Na Fran�a, a v�tima conhece o agressor em nove em cada dez casos, sendo que, na?? metade deles, o estuprador � o c�njuge ou ex-c�njuge. Os n�meros chocantes s�o citados no livro coletivo Le viol conjugal:?? un crime comme les autres? (Estupro marital: um crime como qualqer outro?), editado pelo m�dico legista Patrick Chariot.
[Nota de Marie?? Claire Brasil: o texto original remete � realidade francesa, mas n�o invalida que o estupro marital tamb�m acontece no Brasil?? em grande escala. Dados do Sistema de Informa��o de Agravos de Notifica��o (Sinan) apontam que c�njuges ou namorados foram os?? autores de um a cada oito estupros de mulheres no Brasil entre 2012 e 2023. Ou seja: dos 350 mil?? estupros que ocorreram neste per�odo, 42,5 mil se enquadram na defini��o de estupro marital]
A pesquisa anual do Conselho Superior para?? a Igualdade sobre o sexismo na Fran�a, realizada pelo instituto Viavoice e divulgada em 23 de janeiro de 2023, revela?? ainda que 33% das mulheres francesas j� tiveram rela��es sexuais devido � insist�ncia de seus parceiros quando n�o queriam.
Os homens?? "t�m dificuldade em perceber seu envolvimento e n�o assumem responsabilidade pessoal", aponta o estudo: apenas 73% consideram problem�tico insistir para?? ter rela��es sexuais comestrela do betparceira. E 12% declaram j� ter feito isso.
+ Homens, at� quando v�o fechar os olhos?? paraestrela do betresponsabilidade na cultura do estupro?
�Estupro�, uma palavra assustadora
"O estupro � a alteridade, a dist�ncia do estuprador", analisa, no?? contexto de Giulia Fo�s, a militante feminista e ensa�sta sobre sexismo e cultura do estupro Val�rie Rey-Robert. "Nenhum homem se?? reconhece na imagem t�pica do estuprador. Isso permite que eles nunca questionem seu pr�prio comportamento", continua. "Se o estuprador �?? sempre o Outro, a ordem social est� preservada. Se o estupro � apenas obra de alguns malucos, ent�o n�o h�?? problema pol�tico, estrutural, n�o h� ordem patriarcal por tr�s disso", destaca a entrevistada.
�Voc� vai pensar que estou exagerando, mas acredito?? que sofri um estupro�
As v�timas de viol�ncia sexual tamb�m est�o sujeitas a representa��es arraigadas, segundo Val�rie Rey-Robert. "Elas nunca est�o?? no lugar da vitimiza��o, mas sempre no de minimiza��o", observa.
"Voc� vai pensar que estou exagerando, mas acredito que sofri um?? estupro": assim come�am os depoimentos que muitas mulheres compartilham com a Rey-Robert. Muitas vezes, elas dir�o: "Eu me forcei."
Cl�mentine, ent�o?? adolescente, percebe que Maxime*, seu primeiro namorado, fez algo anormal v�rias vezes quando compara suas rela��es sexuais com as de?? suas amigas do ensino m�dio. No entanto, para ela, era imposs�vel qualificarestrela do betexperi�ncia como estupro. "Essa palavra � t�o?? violenta. Al�m disso, quando voc� est� em um relacionamento e apaixonada, � dif�cil conceber que seja um estupro", analisa a?? jovem, dez anos depois de seu primeiro relacionamento, que durou quatro anos.
Marie tamb�m teve dificuldade em definir o que estava?? acontecendo emestrela do betpr�pria cama. Desde a primeira vez em que seu marido n�o ouviu seu "n�o" e respondeu "Espere,?? est� quase acabando", ela sabia que uma linha tinha sido cruzada.
Mas, casada, a mulher percebeu que foi estupro na noite?? em que, pela primeira vez, "ele n�o foi pela frente". "Ele me jogou na cama, segurou minhas m�os nas costas?? e ent�o... Sem lubrificante, arrancou tudo de mim. Durou tr�s minutos, o tempo dos movimentos de vaiv�m, mas foi o?? suficiente para me fazer sofrer. Eu pedia para ele parar. Eu chorava e sangrava."
+ Casa, um espa�o para o feminic�dio
Anos?? de viol�ncia e sofrimento
Mathias, pai de seus dois primeiros filhos, a estuprou at� o div�rcio, solicitado por Marie ap�s oito?? anos de relacionamento, para p�r fim a essas viol�ncias. Ela n�o terminou antes porque n�o tinha "meios para sair", confessa,?? antecipando as perguntas frequentes: "Mas por que voc� ficou?"
Tr�s dias ap�s o nascimento de seu segundo filho, Marie, que tinha?? acabado de dar � luz, n�o sentia desejo. Mathias n�o suportou isso. Foi quando ele a estuprou pela primeira vez.?? Ele a jogou na cama, a segurou para que ficasse no lugar e arrancouestrela do betcalcinha.
De f�rias com a fam�lia?? no campo, Marie encontrou for�as para falar comestrela do betsogra sobre o porqu� de desejar se divorciar. "Enquanto estava no?? jardim com a m�e dele, ele me chamou para v�-lo no nosso quarto, me dizendo que havia algo estranho", relembra?? a mulher, hoje com 31 anos. Era uma desculpa para atra�-la. Ela mal percebeu que n�o havia nada de diferente?? quando ele a jogou na cama e a estuprou novamente.
J� divorciados, os ex-c�njuges chegaram a se reencontrar. Marie estava gr�vida?? de cinco meses, esperando um filho de seu novo parceiro, e ele a colocou contra a parede. "Ao me tocar,?? ele me ofereceu dinheiro para dormirmos juntos", ela lembra, com amargura.
Do �dever conjugal� ao estupro marital
Quando acordou, atordoada, ap�s ter?? sido estuprada pela primeira vez na noite anterior, Marie interroga o marido. Ela pergunta se ele percebe o que fez.?? Ela mesma n�o pensa, neste momento, que se trata de um estupro. Apenas sabe que � grave. "Voc� est� exagerando!",?? disse o pai de seus dois filhos mais velhos.
"Para ele, tinha uma certa legitimidade para agir assim. [Transar com ele]?? era simplesmente meu 'dever conjugal'", interpreta Marie hoje.
A sociedade foi constru�da em torno dessas cren�as denunciadas por Val�rie Rey-Robert. "As?? mulheres devem um trabalho dom�stico, de zeladoria e sexual aos homens: isso � o patriarcado", diz a ativista, que luta?? contra a viol�ncia sexual h� quase 20 anos.
A sociedade est� ainda mais impregnada dessa concep��o patriarcal, uma vez que a?? justi�a em si apontava o dedo para as esposas que "falhavam" em seu "dever conjugal", j� que o estupro marital?? s� foi inclu�do na lei da Fran�a em 1992 [No Brasil, foi enquadrado como crime pelo Artigo 7� da Lei?? Maria da Penha, de 2006].
Antes disso, para os tribunais, a quest�o do consentimento nem deveria ser levantada entre c�njuges. A?? express�o antiquada "dever conjugal", originada do direito can�nico da Igreja Cat�lica na Idade M�dia, n�o est� presente no C�digo Civil?? da Fran�a � ela � at� proscrita pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH). No entanto, para alguns ju�zes, decorre?? dos deveres da fidelidade (artigo 212 do C�digo franc�s) e da vida em comum (artigo 215).
Em 2023, uma mulher de?? 66 anos foi considerada culpada por se recusar a ter rela��es sexuais com seu marido pelo Tribunal de Apela��o de?? Versalhes. Foi concedido, ent�o, um div�rcio com culpa, segundo o Le Parisien.
Apoiada por v�rias associa��es feministas, ela recorreu em 6?? de mar�o deste ano ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, buscando uma condena��o para a Fran�a.
"A liberdade sexual implica a?? liberdade de ter rela��es sexuais entre adultos com consentimento, assim como a liberdade de n�o t�-las", destaca o Coletivo Feminista?? Contra o Estupro e a Funda��o das Mulheres, em comunicado conjunto.
Paradoxalmente, na Fran�a, o estupro entre c�njuges � punido mais?? severamente desde a Lei de 4 de abril de 2006, que fortalece a preven��o e a repress�o da viol�ncia dentro?? de um relacionamento conjugal. A pena para o autor desses crimes n�o � de 15 anos de pris�o � como?? no caso de um estupro entre desconhecidos �, mas de 20 anos.
Ass�dio, chantagem e culpabiliza��o
Cl�mentine relembra todas as vezes em?? que seu primeiro namorado n�o respeitouestrela do betrecusa verbal. "Uma noite, n�o estava com vontade de fazer sexo e disse?? a ele explicitamente. Dormi em seguida. Ele me acordou e fez o que tinha que fazer", conta ela, usando um?? eufemismo suport�vel para ela.
"Outra vez, eu disse 'n�o' um pouco mais alto, de maneira mais veemente, e ele virou a?? cabe�a para o outro lado da cama. Quando ele ficava chateado assim, eu me sentia culpada e voltava para ele",?? lembra a mulher de 28 anos.
Maxime comprou um telefone fixo para Cl�mentine conectar em seu dormit�rio, para que ele pudesse?? conversar longamente com ela sobre sexo, todas as noites. Cl�mentine descreve "chamadas de v�rias horas em que ele a manipulava?? e a levava ao limite". "Era muito desgastante. Eu chorava todas as noites", suspira.
�Psicologicamente exausta, eu n�o queria sofrer mais?? uma vez, ent�o eu dizia �sim�.�
Marie tamb�m menciona a chantagem emocional de seu ex-marido, que dizia "Voc� n�o me ama?? mais" quando ela dizia "N�o" para um ato sexual, logo depois de dar � luz. Ela tamb�m narra o ass�dio?? sexual que a destruiu: desde "as insist�ncias" at� "a persegui��o di�ria". Ela confessa: "Psicologicamente exausta, eu n�o queria sofrer mais?? uma vez, ent�o eu dizia 'sim'."
Os depoimentos dessas duas mulheres ilustram o quanto a chantagem emocional, a culpabiliza��o da v�tima?? e o ass�dio moral e sexual s�o inerentes ao mecanismo do estupro marital. Essas viol�ncias psicol�gicas preparam a v�tima, j�?? exausta, para ceder. Mas "ceder n�o � consentir", como proclamam as ativistas feministas nos muros de nossas cidades, e como?? escreve Giulia Fo�s em seu ensaio.
�Meu c�rebro desligou�
Num texto pessoal e impactante, a jornalista Morgane Giuliani, ex-editora da se��o de?? sociedade da Marie Claire Fran�a, decifra a "zona cinzenta" em que muitas mulheres se encontram diante da press�o de seus?? parceiros � e como percebem, depois, terem se for�ado.
"Quantas se sentir�o respons�veis por ceder a uma press�o social injusta, resultante?? dessa cren�a imunda e persistente de que as mulheres 'devem' sexo aos homens, especialmente dentro de um relacionamento?", questiona �?? antes de confessar fazer parte desse grupo.
"Ao nos separarmos, eu disse a ele que me forcei em nossa �ltima rela��o?? sexual, o que n�o era normal. Que era um sinal claro de que precis�vamos parar. Era importante para mim falar?? sobre isso, para que ele entendesse em que ponto eu estava, cedendo � press�o dele por desespero", detalha a autora.?? "Sim, eu senti que voc� n�o queria", respondeu seu companheiro. Uma admiss�o violenta que a choca instantaneamente e que a?? assombrar� por muito tempo. "N�o esperava por essa resposta. Senti meu cora��o se desprender e cair em um abismo sem?? fundo, sem som."
Morgane escreve ter tido medo de falar sobre isso, de "n�o 'merecer' seu 'lugar' de v�tima, como a?? maioria das outras". "As mulheres vivem verdadeiramente com medo constante de que digam a elas que est�o exagerando, que est�o?? fazendo um drama por nada", analisa Val�rie Rey-Robert.
Guiadas por esse medo, elas usam a express�o "zona cinzenta" para descrever o?? que viveram, segundo a autora do livro Uma cultura do estupro � francesa (n�o publicado no Brasil). Resumidamente: elas minimizam?? o que poderia ser considerado um estupro. "A express�o � uma armadilha. Ela retira a culpa do agressor", insiste.
Sobre as?? muitas vezes em que se "for�ou", Marie n�o fala em "zona cinzenta", mas em "modo off". "Inicialmente, eu o rejeitava,?? todas as vezes. E ent�o meu c�rebro desligou."
Cl�mentine tamb�m conta ter "se desconectado" muitas vezes, exausta pelo ass�dio de seu?? namorado. Como no dia em que ela o informou de que estava terminando a rela��o. As dores de est�mago e?? a vontade de vomitar aumentam quando ela imagina seu agressor. Quando n�o d� mais para suportar, ela sente que precisa?? terminar. "Podemos ficar juntos uma �ltima vez?", ousa perguntar Maxime, quando recebe a not�cia. Cl�mentine, enojada, sabe que ele a?? assediar� enquanto ela continuar recusando. Ent�o, ela se desconectou uma �ltima vez, e depois partiu.
+ Mais de 5 mil meninas?? v�timas de estupro deram � luz no Brasil at� junho de 2023
Cicatrizes e pesadelos
O trauma de Cl�mentine ressurgiu inicialmente durante?? a noite. Cinco anos ap�sestrela do betsepara��o, a jovem, ent�o estudante, frequentemente tem pesadelos com o que sofreu na adolesc�ncia.?? � noite, as lembran�as que ela tinha enterrado a despertam, e durante o dia ela convive com mulheres engajadas e?? feministas. Ao lado delas, aprende a express�o "estupro marital", que ela associa lentamente �estrela do betpr�pria experi�ncia.
Ela confessa viver hoje?? com "o medo de encontrar novamente um homem que n�o tenha internalizado a no��o de consentimento". Mas, "dependendo do dia",?? se sente pronta para conhecer algu�m novo.
Deste epis�dio deestrela do betvida �ntima, encerrado h� quase cinco anos, Marie ainda guarda?? cicatrizes. Literalmente. �s vezes, chora quando se v� nessas cenas, mas as sequelas s�o tamb�m f�sicas. "A cicatriz [da sua?? lacera��o anal, causada pela brutalidade do agressor] se abre �s vezes. Quando me sento e sinto, como um choque el�trico,?? ela me lembra desse passado dif�cil."
Marie prometeu a si mesma: nunca mais ficar� sozinha em uma sala com seu ex-marido.?? Vivendo em uni�o est�vel com o pai de seu terceiro filho, ela redescobriu o que � ter uma vida sexual?? de casal consentida e realizada.
*A pedido dessas duas mulheres, que testemunham com seus nomes reais, os nomes de seus agressores?? foram modificados
Este artigo foi originalmente publicado em Marie Claire Fran�a, com contextualiza��es feitas por Marie Claire Brasil.
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Ao longo dos anos, ele participou em combates pelos pesos-m�dios e dosm�dios, incluindo uma luta de boxe que terminou com?? a desclassifica��o do campe�o do torneio.
Nascido em Columbus, Ohio, Estados Unidos, ele come�ou a treinar boxe aos oito anos de?? idade, quando os amigos do boxe John McCarthy (1825-1957) e John McEnroe (1932-1974) descobriram que em uma luta curta, o?? pugilista havia se machucado quando acidentalmente
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Os dois pugilistas, enquanto se recuperavam,?? perceberam que a contus�o em ambas as pernas teria sido uma dor na cabe�a.
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